The real you is who you are when ain't nobody watchin'

Sempre que olho para o meu braço esquerdo os meus olhos enchem-se de tristeza. Quando olho para as minhas cicatrizes e me apercebo de que vou ter que viver com elas para sempre. Eu me pergunto porquê e como eu tive coragem de fazer aquilo à mim mesma. E que se pudesse voltar atrás talvez eu não as faria. Mas no fundo eu gosto, algo em mim é cheio de escuridão, cheio de dor e sofrimento. E este mesmo lado aprecia quando eu faço aquelas coisas à mim mesma. E mesmo se eu voltasse atrás no tempo eu iria voltar a fazer aqueles cortes. Porque eu gosto da dor, eu gosto do sabor do sangue. Eu gosto de vê-lo escorrer pelo meu braço, pelo meu pulso.
Eu preciso de ajuda, eu preciso de encontrar paz, fugir dos meus pensamentos. Mas uma parte de mim gosta de estar neste estado, estou tão habituada que já não faz diferença. Triste ou feliz, tanto faz. Viver ou morrer, tanto faz.
Dizem que antes do amanhecer vem sempre a escuridão, mas às vezes só há escuridão. Este é um dos casos.
A dor tornou-se numa paixão para mim, e a solidão uma companheira.
Quando eu sinto dor, eu me sinto viva. E se for necessário magoar-me para me sentir viva novamente, eu o farei. Eu só preciso de uma gota de sangue para ter a certeza de que estou viva. Só uma gota, uma prova de que realmente estou aqui. Eu sinto-me tão morta por dentro, que às vezes chego a acreditar que também esteja por fora. Que talvez eu seja apenas uma alma perdida à procura  do descanso eterno. Que talvez eu tenha morrido sem me ter apercebido. E que ninguém sente a minha falta, pois sou apenas mais uma alma insignificante que veio ao mundo por acaso. 
E mesmo com terapia e/ou amigos, sempre vou ser deste jeito. Há um erro no meu sistema, e receio que não hajam programas suficientes para o consertar.

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