estão a sentir o cheiro do bolo de medo de abandono com cobertura de problemas de confiança? pois é, não tem bolo. sou apenas eu.

o meu pai nunca foi presente. nem tão presente nem tão ausente. meio que in between. nunca demostrou tantas emoções. ou pelo menos nenhuma boa, tampouco algum afecto por mim. 

da minha mãe não posso dizer completamente o mesmo. mas a vida é complicada e ela sempre teve que se “virar” sozinha. então o trauma emocional que ela causou em mim deve ser ignorado.

de qualquer forma, eu era apenas uma criança e também merecia algum amor. 

agora sou apenas um pedaço de bolo de medo de abandono com cobertura de problemas de confiança acompanhado de uma não tão pequena dose de inseguranças e a constante sensação de solitude.  

o meu pai nunca foi tão ausente, mas também nunca foi tão presente. e isso, se me permitem, é o real motivo do meu medo de abandono. ter que acordar na incerteza de encontrá-lo em casa e me aperceber da indiferença que fiz na sua vida enquanto crescia e que ainda faço em demasia. 

o meu pai nunca voltava para casa. e se voltasse, era com uma garrafa de cuca nas mãos e com o hálito a tresandar a desespero, caos e mais alguma dor. e para completar, um novo conjunto de bagagem emocional para acrescentar ao motivo da bebedeira da minha mãe. 

o meu pai nunca sequer foi aos meus aniversários. nunca sequer brincou comigo quando eu era criança. nunca foi comigo ao dentista ou sequer colocou um band-aid nas minhas feridas. talvez porque a mais profunda delas ele já ma tinha causado.

afinal, para ele tudo era mais importante do que eu, a sua filha tampouco esquecida. e que raio sei eu, se sou apenas uma miúda de 10 anos? 

Comentários

Mensagens populares